“A menos de dois meses para as eleições, Raimunda de Andrade Nascimento ainda não sabe em quem vai votar. ‘Para falar a verdade ainda nem gravei quem são os candidatos. Só sei que a do PT é uma mulher, né?’ Moradora de Cachoeira, no interior da Bahia, Raimunda estudou até o 3º série do ensino fundamental. Perguntada se costuma assistir ao horário político, disse que sim, “até a hora que me dá sono”. Aos 52 anos, ela recebe 500 reais de pensão do INSS. Embora tenha votado em Lula em 2002, disse que não definirá seu voto baseada na indicação do presidente: “Todo político tem conversa bonita, mas é tudo para influenciar a gente. Não tenho simpatia por nenhum deles. “Pode ser que eu decida meu voto na hora, lá na boca da urna”, diz.”
Veja – ed. 63, 18 de agosto, 2010.
As eleições são momentos cruciais para uma Nação. De fato, momento determinante. Decidem, guardada a devida proporção, o futuro desta. Votar será, por conseguinte, um ato de extrema responsabilidade ou, ainda, irresponsabilidade, quem dirá? Este, o voto, recairá não apenas nos sujeitos que por ventura se elejam, mas também e, principalmente, nos cidadãos que estão, desta maneira, delegando poderes, projetando esperanças e confiando nos candidatos os quais apostam.
Analisar as propostas dos aspirantes ao poder, poder este tão desejado, percebendo se são ou não viáveis, é a postura que se espera de todo eleitor, no entanto este não é o quadro que se apresenta no Brasil. Tal fato se dá por inúmeros fatores, um deles é o total descrédito que a política vem ganhando ano após ano. De maneira muito abrangente, boa parte dos eleitores têm dúvidas em quem votar, muitos se revelam apolíticos, revelação muito grave e que carece de no mínimo, reflexão. Será mesmo que existe essa tal “apoliticidade” amplamente declarada por tantos eleitores ou, uma parcela deles não percebeu que não votar se configura também num ato político? De qualquer sorte, há um preço a se pagar e ele é ALTO.
Não dá para pensar que a responsabilidade é tão somente do congresso. Somos todos sujeitos políticos, os que votam e os que não votam também. Portanto, somos responsáveis por tudo que acontece em nosso País. Para o bem e para o mal o somos, visto a decisão de eleger, ou não eleger, este ou aquele pretendente ao cargo, ser de cada um e de todos, individual e comunitariamente. É a união dos votos que decide, sendo a escolha de cada um fundamental no fim das contas.
Para muito além de votar é preciso ainda vigiar o voto dado, cobrar comprometimento e compromisso dos que, por hora, estão no poder e, fazer a cobrança conscientes de que fomos nós quem delegamos este poder. Eles não caíram lá de apara quedas, temos de estar conscientes ainda de que é nosso DEVER fazer a cobrança e ficarmos atentos a cada passo deles, nosso DEVER E SALVAÇÃO cobrar todos os dias. Neste jogo que é a política, todos têm obrigações. Os “Governantes” não são os donos do País, como muitas vezes pensam e até nós pensamos, os obedecendo como carneirinhos, não... Seus cargos são temporários, eles são empregados na Nação e por isso, nossos. Devem-nos satisfações, são pagos por nós, com nossos encargos e, muito bem pagos, por sinal, não o contrário, suas promessas não são bondades nem favores, cumpri-las é sua obrigação. Faz parte do seus afazeres.
Elegemos pensando em desenvolvimento. Não dá mais para eleger por eleger, eleger de qualquer forma, eleger por amizade, ou pior, eleger por uma caixa de cerveja, uma dentadura ou coisa do tipo... Não dá tão pouco para decidir de última hora em quem votar, diante da urna, não dá. Por isso aquela panfletagem de ultima hora é tão indevida e muitas vezes até inconveniente. Este ato está para além, muito além disto tudo. É preciso refletir, analisar bem analisado o histórico dos políticos e de seus partidos, tarefa árdua, eu sei, num país com tantos partidos e com tantos políticos e, principalmente, com tantas “alianças” irracionais, ou melhor, incoerentes, mas ainda assim insisto, é preciso. Mas, mais urgente que qualquer coisa, é imprescindível que os eleitores se portem como cidadãos, exerçam seus papéis e cobrem as promessas feitas pelos políticos para que não tenhamos tantos casos como o ilustrado na tirinha do Quino, autor da Mafalda, onde depois de eleitos, os candidatos simplesmente “colocam seus projetos e promessas para dormir” ou dobram o “papel” e o guardam no bolso, são acometidos por um esquecimento ou lapsos de memória repentinos e têm desculpas para suas faltas na ponta de língua a qualquer hora do dia ou da noite, ou ainda pior, nos largam aqui com "nossos problemas" a vão passar umas férias fora de época nas Ilhas Canárias, vão fazer uma faucatruazinha ou um caixa dois na Suíça. Fico me perguntado nessas horas, mas cadê aquele entusiasmo? Aquela gana e aquela vontade de fazer acontecer que irradia de seus olhos quando visitam nossos bairros às vésperas da eleição, cadê? Para onde foi?
Para que uma Nação cresça é necessário muito mais que boa vontade, promessas, votos, abraços e beijos nos rostos dos pobres na hora da campanha, é indispensável que o trabalho se realize em conjunto, seja comunitário, que cada um saiba qual é seu papel social e o assuma, como verdadeiros agentes políticos que somos, cada um com sua importância, eles e nós. Nós cobrando que eles façam. Só assim o avanço se dará. Só assim teremos um país com menos fome, com menos miséria, com mais escolas e menos presídios, com menos pessoas nas filas dos hospitais, com ruas bem pavimentadas, com iluminação, com políticas publicas, com menos pessoas nas ruas, com mais empregos, com um transporte de qualidade etc, etc, enfim, com alguma dignidade. Só assim teremos um País melhor e mais justo, só assim, talvez, sejamos mais do que subdesenvolvidos, só assim deixaremos de ser um dito terceiro mundo para ser mais que isto, o quê, eu não sei bem explicar, mas mais que isto, com toda certeza.
Desenvolvidos? Quem sabe?!
Mileide Santos e/ou,
ChicO, pagando para a gente ficar assim, sócios do Brasil. Íntimos do Brasil, mais brasileiros!
06.10.2010
Não desistindo, não desistindo nunca. Esperamos que suportemos este peso, esta responsabilidade, esta carga pesada. “Mundo, mundo, vasto mundo, se eu me chamasse Raimundo, seria apenas uma rima, não uma solução, mundo, mundo, vasto mundo, mais vasto é o meu coração”.* “Viu, Dona Raimunda, da revista Veja, pense nisso. Pensem nisso todas as ‘Raimundas’ e ‘Raimundos’ que existe, vossos nomes são rimas, não soluções!”
E mais do que resignados, sejamos felizes de uma vez por todas!!
Notinha de Rodapé:
* Carlos Drummond Andrade.
Cazuza
Luis Inácio Lula da Silva.
Bíblia.
Cazuza
Luis Inácio Lula da Silva.
Bíblia.
Um comentário:
Adorei o post!
Discutir política com poesia e música torna tudo tão fácil. Alegre e menos cansativo.
Saudades de ler suas palavras belas, pensadas e ditas.
Prometo que depois lerei novamente com mais calma, diferindo bem devagar...
Bjos,
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