Eu estudo letras, foi por acaso, qu’eu gostei disso. Caí lá na “Amado” e fui amando e tentando fazer bem feito. Tudo que fiz foi com carinho, dedicação, ação e o melhor de mim. Nada do que sei, ou ganhei ou busquei ou perdir, foi em vão. Se ganhei ou se perdi, aquele foi o meu máximo. Foi o que mereci e o que pude no momento, mas sempre posso mais um pouco. Eu forço, me esforço e consigo. Se dez ou zero, não importa. Se passei ou se perdi. Não importa. Eu fiz o melhor, eu dei o melhor, eu sorri o melhor, eu chorei o melhor, eu gritei o melhor eu escrevi o melhor de mim, mas nem sempre eu li o melhor dos outros. E isso é assim mesmo! E é com o melhor que estou aqui. Que cheguei aqui e com o pior também. Aqui eu me dei quase toda. E aqui estou. Disponível para agora e depois, ainda!
Eu fico desesperada e furiosa com certas coisas, mas eu enfrento sempre. Meu medo é o pior de mim, mas eu sigo em frente. Pernas tremendo, vergonha, frio na barriga, voz quase sumindo, mas, com o disfarce de mulher segura que sempre cola e, Olhos a diante, cabeça erguida. Direção? Meu foco. Vez por outra olho pro chão também, às vezes há moedas reluzentes e eu saio ganhando.
Eu nunca me esqueceria de dizer: SOU NEGRA! Eu nem nunca me envergonharia de gritar: SOU MESMO! Mentira, melhor ainda, eu diria: orgulhosamente o sou. Não negaria jamais em tempo algum. Não posso lhes dizer que sei ao certo o que isso significa, dignifica, amplifica e quais são todas as conseqüências, mas eu adoro meu estado permanente de nascença, meu modo, minha carne, meu jeito, meu tudo, meu espírito, meu orgulho, minha cultura, meu cabelo, meu corpo e meu fenótipo e minha inteligência. Minha pele toda preta. Eu adoro as descobertas que faço de mim mesma. Porque eu sou uma incógnita perfeita, verdadeira e quase... Indecifrável.
Eu me olho todos os dias e é sempre um olhar novo, e um Eu todo renovado. Eu vejo as diferenças do ontem e de agora. Eu não acho nada nem melhor nem pior, apenas diferenças e/ou mudanças. Meu espelho não mente e me diz da beleza que há e que não há em mim. Não sou “Narcizica”. Mas nasço e morro diante de um espelho. Ele me diz: siga em frete. Joga-te. Nada. E eu vou, obediente que sou. Por isso olho para ele (mim) todos os dias. Sou capaz de morrer todos os dias, só para pagar pra ver, isso sempre há de valer à pena, porque é um passo a mais, um posso a mais e um possuo a mais!
Minha liberdade é limitada, mas ultimamente tenho andado solta. Eu saio por aí toda corajosa. Eu digo coisas que nem imaginava poder. E olhem só: eu posso. Eu posso e possuo o inimaginável.
E eu posso quase tudo que eu quero. Só não posso ainda o que ainda não sei que quero, mas hei de querer e saber. “Querência” é meu estado pleno, eu vivo assim... Querendo.
E se quero, posso e possuo, então meus caros: Xeque-mate!
Eu me importo com o que os outros falam, sim eu me importo, principalmente certas pessoas. Não ousaria dizer que não dou à mínima. Minha consciência me acusaria depois, todos os dias, ela lateja. O que eles falam tem peso, medida e importância. Uns mais leves outros bem mais pesados, mas eu me importo sempre e muito, eu vivo dessa importância e com essa impotência, ela é minha fraqueza, minha franqueza mais leal. Se eu pudesse seria auto-suficiente. Mas eu sou é dependente! E pronto. Ponto.
Humana.
É demais e exageradamente que eu sei. Sou. Fui. Vou.
Caminhando e cantando e seguindo o caminhão, o caminho, a canção. Eu danço no ritmo, mas se quero, eu saio da estrada, eu perco o chão, me saio e sou feliz assim mesmo, só que sempre no limite. Se extravaso, isso também é limítrofe.
Eu tenho mania de amar as pessoas. Eu solto e mando beijos vermelhos, eu as abraço e gosto mais dos abraços apertados e bem encaixados. Eu gosto de carinho e delas (pessoas! Sempre muito humanas e imperfeitas)!
Eu falo muito, às vezes, mas noutras eu me calo. O silêncio em mim é vital. Há de ouvir o silêncio. Sua sabedoria é plena e universal, quem aprendeu isso, e sabe como usufruir dele, não esquece e aproveita! Shiu, silêncio, estou pensando, falando comigo mesma. E, Essa conversa é massa!
Eu aprendi a perder e a ficar triste, mas meu sorriso é mais forte e na dor eu ainda continuo aprendendo. Eu também aprendi a sorrir, isso seria inevitável. E meu espelho grita: vá em frente e eu vou. Já disse que lhe sou obediente. É que, há uma mulher no espelho. Ela me encoraja. Ela é bonita, charmosa e usa dourado (Janaina). Uma parte de mim que quase desconheço e mereço e respeito incondicionalmente. Uma espécie de Eu-Deusa que eu quero!
Morrer sempre foi um grande dilema porque eu nem nunca pedi para nascer. Nascer foi fatídico, quem me conhece sabe. Eu sei pouco disso e desse me passado pretérito, vale até a redundância. Mas nem sei se quero saber, só às vezes é que eu quero, na maioria, me esqueço. Só sei que nasci sozinha. É disso que me lembro. E a solidão me acompanhou desde então e desde então eu venho gastando ela, a solidão do funda da minha alma. Mas eu tenho bons amigos e eu os adoro e amo (sozinha?). Eu achei uma família e eu os adoro e amo (do meu jeito, sozinho de ser, ver, viver e encarar as coisas). Acho que eles não têm consciência de todo o meu amor. Mas amar grande/ muito e no escuro e escondido, sem ninguém saber, também é gostoso. É digno, apesar de Solitário. Mas a minha solidão de multidão, faz parte do meu show, meus amores, meus amores.
Eu tenho muitos desejos, mas não quero que ninguém se importe com isso, nem comigo, eu odeio incomodar desse jeito, só gosto de incomodar de outras formas, boas é claro. Isso é cultural, eu suponho!
Eu sempre faço suposições e indago sobre a vida dos outros e sobre mim ( eu não sei tudo de mim, graças a Deus!), apesar de achar esse meu interesse ridículo eu insisto. Porque insistência faz parte de mim, é meu constituinte. Eu quero saber o quê, com quem, onde e como ocorreu o que ocorreu! Eu quero saber tudo, absolutamente. É uma curiosidade misturada com uma falta de educação consciente que me persegue. Mas eu não mais ligo para isso. Aceitei meu estado de mal educada!
Eu não entendo nada sobre o Não e seu negativismo! Eu busquei qualquer coisa de lírico para minha vida. Eu ando encontrando, catando, rastejando, desejando, implorando, comendo, tomando, sugando e chupando vorazmente o lirismo para mim.
Eu acho a matemática de uma lógica que é só dela. Eu nunca entendi porque que dois mais dois tem de dar tão somente quatro. Tudo bem, que certas coisas têm de ser previamente estabelecidas, mas Caetano falou que talvez esta soma pudesse dar cinco. Eu acredito no Caetano. E têm mais, os matemáticos se acham tão lógicos... Que engraçado. Mas não se há aqui de negar que há beleza nisso e até lirismo! Por isso eu gosto da matemática, mas não me venham com logaritmos, nem baskaras, nem polinômios perfeitos. Eu sou das matrizes. Da matriz identidade(um, um, zero, zero, na diagonal) .
Escrever é minha cocaína. Minha droga forte. Meu alucinógeno. Eu fico alucinada. Eu vendo tudo da minha casa e saio para comprar um lápis, papel e uns minutos para a escrita. (como se isso tudo também fosse comercial). Eu paro tudo e vou cheirar a minha droga, a minha dependência.
Minha dependência é licita!E eu cheiro até o fim, não deixo raspas, sobras ou restos. Não divido. Não dou. São minutos de prazer exemplares. Indolores. Eu amo o que faço. E faço pornograficamente o que amo. Amo, sobretudo, quando faço pornograficamente o que amo. Eu dispo palavras, desnudo-as. É assim que elas nascem, nuas, viris e quentes. Eu me ajoelho diante delas em posição devota e a lascívia começa. Eu me dispo também, não seria justo. Depois de tudo exposto:
Cheiro de sexo e porra no ar!
Obs:. Nunca esqueçam: é umA Lady que faz sexo com palavras. Sobre tudo. Sobretudo um Lady. Depois de tudo me canso. Me esgoto. Sinto sono. Durmo agarrada nelas. Acordo. Quero mais. Até cansar novamente. Me exauri. Me esvaziar e morrer escrevendo.
Nós nos amamos e damos os frutos. (infrutecemos). Para uma mãe o filho é sempre belo. E nós o criamos para o mundo. Isso é medonho, cruel e pouco poético (ético), por que mãe sempre quer filhotes embaixo das saias... Elas não aceitam e não estão acostumadas com partidas (pra onde?), despedidas ou coisa que o valha!
Mas nossa relação é forte, intensa e liberta, além de libertina. Nós nos damos tchaus decisivos e cada um segue seu rumo. Rumo a qualquer rumo. Rumor! Mas estamos laçados. E lá recomeça tudo outra vez e novamente e de novo e sempre o ciclo continua- continuo!
A nossa batucada continua como na cadência de um samba inesgotável, inabalável, ritmado. E eu quero mais sexo com palavras. Este é o meu universo, meu verso. Meu uni-verso paralelo. Minha confiança e meu (inter) cambio com o mundo (in) mundo e comigo mesma. My self.
Essa é a minha manha, meu imã, minha manhã, tarde, noite ou mesmo: tarde da noite já amanhecente. É meu: outro dia!
Pego minha nova máscara. Minha nova roupagem. Olho meu espelho, a mulher fala comigo. Saio. Transo. Me invado. Paro para parir. E depois é aquela velha história: tchau meu querido filho. Meu poema derramado do dia. Minha lama. Minha fama. Os meu dias são sempre por ti.
Para sempre, sua Lady!
Chico, com um espírito feminino. Quase uma Lady, essa foi por pouco.
28.01.09