Ei, muito prazer, eu me chamo ChicO, ChicO Inspirato Santos, e sim senhores, meu nome se escreve assim mesmo, com as letras iniciais e finais MAIÚSCULAS, G-A-R-R-A-F-A-I-S. Um capricho meu mesmo.
Não queria falar meus anos, não por ser velho, nem novo, não tenho destas coisas, o que eu tenho é uma idade de mundo, de hora de viver, mas meu mês é setembro, e não sei nada do meu signo, só sei da primavera do meu mês, sempre a florescer, as estações são tão bonitas!
Eu faço uma coisa e, gosto muito do que faço, querem saber o que faço?
- Ah, eu invento histórias!
Tenho muitas delas guardadas em mim, no meu eu mais profundo. Ouço as histórias dos outros e saio escrevendo, me aproprio delas e depois cedo-as a quem gosta de ler, às minhas e às dos outros, e a história fica sendo de quem quiser.
Acho que escrever me liberta e prende ao mesmo tempo, mas é uma prisão a qual não quero me libertar e uma liberdade sem fronteiras, eu sinto alguma forma de gozo estranho ao escrever e alguma dor também. Não tenho explicações para tais sensações, não me perguntem sobre isso, não saberia dizer.
Clarice Lispector disse que queria uma verdade inventada, eu acho que invento a minha e dignifico-a. E sempre, mas sempre mesmo, tiro o chapéu para a Clarice, uma moça brilhante. Se os senhores quiserem saber, eu os confesso em segredo, ao pé do ouvido, sou um admirador dessa escritora, poeta por natureza. E se os senhores não queriam saber, então, esqueçam do que eu disse. E desculpem-me os meus devaneios em voz “alta”.
Tenho muitas inspirações na vida, aspirações também eu as tenho em grande quantidade. Tenho aspirações a poeta meus senhores, mas sou um poeta menor, que não sabe muito da profissão de escrever poesia e só escreve por prazer mesmo e talvez com alguma técnica intuitiva. Possivelmente o que eu escreva fique bom, mas sou muito severo comigo mesmo, de uma rigidez insone, louca e exagerada, então, nunca sei se gosto tanto do que escrevo realmente. Deixo isso a critério dos outros leitores, que não eu, dos senhores é que devem vir os critérios.
De tudo o que eu escrevo o que mais gosto, normalmente, é o texto do momento, depois que passa, não ligo muito, mas quando estou a escrevê-los, me elevo.
A primeira coisa que fiz ao nascer foi ler o mundo a minha volta e do meu jeito, pequeno de ser. Já dava indícios ai mesmo, para o que eu daria quando aumentasse de tamanho. Tenho certeza que interpretei a cara do médico que me pôs ao mundo e que não gostei muito do que vi. Não gosto de hospitais, nem para nascer, gostaria de um parto normal e caseiro pra meu nascimento, com uma parteira bem velha e experiente, de preferência.
Que me desse aquele clássico tapa na bunda para o choro me escapulir da boca e eu dar-lhe aí, sinais de vida.
Sou brasileiro, baiano, soteropolitano e hospitalar, infelizmente. Não gostaria dar-lhes aqui meu endereço, nem telefone, para em caso de desgostarem dos textos não baterem à minha porta reclamando direitos. Não quero marcar aqui este compromisso. Nem dever satisfações. Se os senhores não gostarem do texto, falem com ele mesmo, a culpa não é minha, é dele, que teimou em sair disforme para o gosto de alguns, e uniforme para o gosto de outros. E mais, nem fedendo nem cheirando para outros tantos. Isso não é mais comigo, me desculpem. E é um direito dos senhores desgostarem, criticarem, ou até gostarem, amarem, adorarem e querem para si, mas, não é comigo! Fiquem com o texto acertem-se entre si.
Eu sou casado, minha esposa não gosta de exposições, por isso não direi o nome dela aqui, nem dos meus filhos, isso é confidencial para nós, nossa privacidade. Mas sim, voltemos a mim, a primeira coisa que quero fazer é ultrapassar o céu. Eu gosto muito do alto, ver tudo de cima, não que eu não goste das outras coisas, de baixo, do olhar tete-a-tete. Mas é que ver as coisas de cima dá uma alegria contagiante, uma coisa quase divina. Não quero ser superior a ninguém, mas é que eu gosto mesmo da sensação de estar no alto e com um friozinho de medo de despencar na barriga. É uma aflição perfeita, uma adrenalina sublime!
Eu tenho um corpo normal, sou preto, estatura mediana, e sou um pouco forte, sinto todas as sensações de humano, mesmo sendo um tanto distante disso, e se não entenderam o que acabei de dizer, nem queiram. Tenho um humor oscilante, eu sou de lua, quando me dá na telha eu apareço, e se me dá vontade eu sumo sem deixar rastros, eu mínguo, mas, isso em nada interfere em minha escrita, em minhas produções. Interfere sim, em outras coisas, que não vêm ao caso. E não fiquem curiosos com o que não vêm ao caso, não é Senhores? Controlem-se!
Meus pais me abandonaram quando eu nasci, sou órfão, de pai, mãe, avós e história. Eu não os conheci, nem os reconheceria agora. De forma nenhuma. Então, não sei do meu passado, eu digo, de antes do meu nascimento, sei que nasci em um hospital de ouvir falar por alto e acreditar em alguma verdade das inventadas, não é Clarice? Eu sustento essa “estória” para ter o que dizer quando mo perguntarem do meu passado, mas se eu tivesse nascido em uma casa, eu com certeza saberia, porque lembraria. Lembraria da parteira. De sua cara e cabelos, brancos. Meus filhos são de parteiras. Minha mulher sabia desde quando casamos que seria assim, nascimento em casa. Eu só sinto falta de irmão. Tratei de dar logo a meu filho mais velho, um irmão, a solidão é muito triste.
Tem outra coisa que gostaria de confessar-lhes, tenho verdadeiro entusiasmo pela África, eu não sei o que é, mas vislumbro um dia por meus pés naquela terra, por os pés descalços e sentir o chão, como se deve, sem interferências de calçados.
Eu viajaria o mundo inteiro sem problemas, mas passaria mais tempo em África, conhecendo cada coisa e me apaixonando mais, e me decepcionando também, não sou tão romântico.
Outro lugar em que pararia bastante tempo seria a França, tenho verdadeiro encanto e admiração por seus poetas e por sua língua, mas não entendo nada, ainda!
Minha tristeza sempre dura o tempo necessário a vai embora, minha felicidade também, mas elas sempre voltam, há uma reincidência muito grande de recaídas entre nós, uma está sempre dando lugar à outra. Agora quando não sou “nem alegre, nem triste”, nesta ocasião eu sou definitivamente, ‘puramente’, completamente, qualquer “coisamente” Poeta, não Cecília? Só ela me entenderia.
Tenho uma afinidade por Poetas, por Poesias, por todos os tipos de arte, olho, muitas vezes nem entendo, mas é quando não entendo que fica mais bonito, porque o abstrato não pede explicações, nem as dá, ele é, e isso é tudo. É por isso que eu sou abstrato, e tenho algo de artístico, para que ninguém entenda e fique se perguntando, mas o que ele quis dizer e eu os responda: nada. Simplesmente: nada!
ChicO,
21/08/08
Não queria falar meus anos, não por ser velho, nem novo, não tenho destas coisas, o que eu tenho é uma idade de mundo, de hora de viver, mas meu mês é setembro, e não sei nada do meu signo, só sei da primavera do meu mês, sempre a florescer, as estações são tão bonitas!
Eu faço uma coisa e, gosto muito do que faço, querem saber o que faço?
- Ah, eu invento histórias!
Tenho muitas delas guardadas em mim, no meu eu mais profundo. Ouço as histórias dos outros e saio escrevendo, me aproprio delas e depois cedo-as a quem gosta de ler, às minhas e às dos outros, e a história fica sendo de quem quiser.
Acho que escrever me liberta e prende ao mesmo tempo, mas é uma prisão a qual não quero me libertar e uma liberdade sem fronteiras, eu sinto alguma forma de gozo estranho ao escrever e alguma dor também. Não tenho explicações para tais sensações, não me perguntem sobre isso, não saberia dizer.
Clarice Lispector disse que queria uma verdade inventada, eu acho que invento a minha e dignifico-a. E sempre, mas sempre mesmo, tiro o chapéu para a Clarice, uma moça brilhante. Se os senhores quiserem saber, eu os confesso em segredo, ao pé do ouvido, sou um admirador dessa escritora, poeta por natureza. E se os senhores não queriam saber, então, esqueçam do que eu disse. E desculpem-me os meus devaneios em voz “alta”.
Tenho muitas inspirações na vida, aspirações também eu as tenho em grande quantidade. Tenho aspirações a poeta meus senhores, mas sou um poeta menor, que não sabe muito da profissão de escrever poesia e só escreve por prazer mesmo e talvez com alguma técnica intuitiva. Possivelmente o que eu escreva fique bom, mas sou muito severo comigo mesmo, de uma rigidez insone, louca e exagerada, então, nunca sei se gosto tanto do que escrevo realmente. Deixo isso a critério dos outros leitores, que não eu, dos senhores é que devem vir os critérios.
De tudo o que eu escrevo o que mais gosto, normalmente, é o texto do momento, depois que passa, não ligo muito, mas quando estou a escrevê-los, me elevo.
A primeira coisa que fiz ao nascer foi ler o mundo a minha volta e do meu jeito, pequeno de ser. Já dava indícios ai mesmo, para o que eu daria quando aumentasse de tamanho. Tenho certeza que interpretei a cara do médico que me pôs ao mundo e que não gostei muito do que vi. Não gosto de hospitais, nem para nascer, gostaria de um parto normal e caseiro pra meu nascimento, com uma parteira bem velha e experiente, de preferência.
Que me desse aquele clássico tapa na bunda para o choro me escapulir da boca e eu dar-lhe aí, sinais de vida.
Sou brasileiro, baiano, soteropolitano e hospitalar, infelizmente. Não gostaria dar-lhes aqui meu endereço, nem telefone, para em caso de desgostarem dos textos não baterem à minha porta reclamando direitos. Não quero marcar aqui este compromisso. Nem dever satisfações. Se os senhores não gostarem do texto, falem com ele mesmo, a culpa não é minha, é dele, que teimou em sair disforme para o gosto de alguns, e uniforme para o gosto de outros. E mais, nem fedendo nem cheirando para outros tantos. Isso não é mais comigo, me desculpem. E é um direito dos senhores desgostarem, criticarem, ou até gostarem, amarem, adorarem e querem para si, mas, não é comigo! Fiquem com o texto acertem-se entre si.
Eu sou casado, minha esposa não gosta de exposições, por isso não direi o nome dela aqui, nem dos meus filhos, isso é confidencial para nós, nossa privacidade. Mas sim, voltemos a mim, a primeira coisa que quero fazer é ultrapassar o céu. Eu gosto muito do alto, ver tudo de cima, não que eu não goste das outras coisas, de baixo, do olhar tete-a-tete. Mas é que ver as coisas de cima dá uma alegria contagiante, uma coisa quase divina. Não quero ser superior a ninguém, mas é que eu gosto mesmo da sensação de estar no alto e com um friozinho de medo de despencar na barriga. É uma aflição perfeita, uma adrenalina sublime!
Eu tenho um corpo normal, sou preto, estatura mediana, e sou um pouco forte, sinto todas as sensações de humano, mesmo sendo um tanto distante disso, e se não entenderam o que acabei de dizer, nem queiram. Tenho um humor oscilante, eu sou de lua, quando me dá na telha eu apareço, e se me dá vontade eu sumo sem deixar rastros, eu mínguo, mas, isso em nada interfere em minha escrita, em minhas produções. Interfere sim, em outras coisas, que não vêm ao caso. E não fiquem curiosos com o que não vêm ao caso, não é Senhores? Controlem-se!
Meus pais me abandonaram quando eu nasci, sou órfão, de pai, mãe, avós e história. Eu não os conheci, nem os reconheceria agora. De forma nenhuma. Então, não sei do meu passado, eu digo, de antes do meu nascimento, sei que nasci em um hospital de ouvir falar por alto e acreditar em alguma verdade das inventadas, não é Clarice? Eu sustento essa “estória” para ter o que dizer quando mo perguntarem do meu passado, mas se eu tivesse nascido em uma casa, eu com certeza saberia, porque lembraria. Lembraria da parteira. De sua cara e cabelos, brancos. Meus filhos são de parteiras. Minha mulher sabia desde quando casamos que seria assim, nascimento em casa. Eu só sinto falta de irmão. Tratei de dar logo a meu filho mais velho, um irmão, a solidão é muito triste.
Tem outra coisa que gostaria de confessar-lhes, tenho verdadeiro entusiasmo pela África, eu não sei o que é, mas vislumbro um dia por meus pés naquela terra, por os pés descalços e sentir o chão, como se deve, sem interferências de calçados.
Eu viajaria o mundo inteiro sem problemas, mas passaria mais tempo em África, conhecendo cada coisa e me apaixonando mais, e me decepcionando também, não sou tão romântico.
Outro lugar em que pararia bastante tempo seria a França, tenho verdadeiro encanto e admiração por seus poetas e por sua língua, mas não entendo nada, ainda!
Minha tristeza sempre dura o tempo necessário a vai embora, minha felicidade também, mas elas sempre voltam, há uma reincidência muito grande de recaídas entre nós, uma está sempre dando lugar à outra. Agora quando não sou “nem alegre, nem triste”, nesta ocasião eu sou definitivamente, ‘puramente’, completamente, qualquer “coisamente” Poeta, não Cecília? Só ela me entenderia.
Tenho uma afinidade por Poetas, por Poesias, por todos os tipos de arte, olho, muitas vezes nem entendo, mas é quando não entendo que fica mais bonito, porque o abstrato não pede explicações, nem as dá, ele é, e isso é tudo. É por isso que eu sou abstrato, e tenho algo de artístico, para que ninguém entenda e fique se perguntando, mas o que ele quis dizer e eu os responda: nada. Simplesmente: nada!
ChicO,
21/08/08
P.S: A Mi anda estudando biográfia e autobiográfia, fiuei entusiasmado e decidi públicar este texto autobiográfico que há muito, tinha feito!
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